Junto às instalações da ARS Norte, no Porto
• Autarcas paivenses pediram a demissão da directora do ACES do Tâmega e Sousa
Centena e meia de habitantes do concelho de Castelo de Paiva manifestaram-se hoje de manhã, no Porto, junto às instalações da Administração Regional de Saúde do Norte – ARS Norte, como forma de evidenciar o seu forte descontentamento pelo encerramento da Extensão de Saúde localizada na vila de Sardoura e pela recente retirada de todo o mobiliário que se encontrava nesta estrutura de saúde, numa manifesta falta de respeito para com os cerca de 1600 utentes inscritos neste Posto Médico, que desde o inicio do ano já não estava a funcionar por falta de médico, exigindo agora, a reabertura desta unidade de saúde.
Os manifestantes, que exibiam cartazes a reclamar melhores serviços de saúde e gritavam "saúde é um direito, sem ela nada feito", estiveram acompanhados do presidente da Câmara Municipal, Gonçalo Rocha, do presidente da Assembleia Municipal, Gouveia Coelho, do Vereador José Carvalho e dos autarcas representativos das freguesias de Sardoura e S. Martinho, respectivamente Joselina Fernandes e Afonso Mendes.
Em declarações aos jornalistas, o edil Gonçalo Rocha explicou que a insatisfação de cerca de 1.600 utentes das duas freguesias, também se deve ao facto de, na semana passada, numa postura demasiado incorrecta, ter sido retirado o mobiliário e outro equipamento da antiga extensão de saúde, tendo sido na ocasião, convocada a presença da GNR para garantir a concretização da ordem do Ministério da Saúde.
" É um serviço muito importante, que custou muito a implantar naquela zona. Ao reclamarmos a sobrevivência deste posto médico, tivemos da parte da directora do ACES - Agrupamento de Centros de Saúde Tâmega II - Vale do Sousa, uma resposta indigna", considerou o autarca de Castelo de Paiva, acrescentando depois que, “ sem aviso prévio, retirou-nos mobiliário e para fazer valer a sua posição, de forma reprovável, chamou a GNR “. Isto é um comportamento que nós não aceitamos", disse ainda, visivelmente revoltado com esta postura superior.
O presidente da CM recordou que decorria um processo negocial, em que a autarquia teve " toda a abertura do mundo " e não aceitou, por isso, que a situação tivesse um desfecho "desta natureza “, impondo-se uma lei contra um direito legítimo das populações que só reclamam ter acesso à saúde em condições condignas", considerando que, “ isto continua a ser uma investida muito forte contra as zonas do interior, as terras que estão mais desprotegidas e desfavorecidas ".
Destacando que este serviço de saúde é fundamental para estas populações de Castelo de Paiva, o autarca recordou também, na ronda de negociações havida entre a autarquia e a responsável do ACES do Tâmega e Sousa, havia uma proposta que potenciava alguma esperança no sentido de se encontrar uma solução adequada, contrariando o eventual encerramento da unidade de saúde, perspectivando-se até, que no final de Março se pudesse chegar a um desfecho mais satisfatório, tendo em conta as necessidades destas populações em matéria de prestação de cuidados de saúde.
E a este propósito, Gonçalo Rocha considerou lastimável que o Governo insista nesta politica de cortes cegos e sistemáticos, acabando com os serviços públicos no interior do país, nomeadamente nos serviços públicos da saúde, da justiça, da educação e da segurança social, sem olhar para os efeitos da interioridade e da falta de acessibilidades condignas, apenas se preocupando em promover mais um golpe fatal nas condições de vida desta população trabalhadora que, pagando os seus impostos, merece ser tratada como os restantes portugueses radicados na capital ou no litoral.
A ARS Norte disse hoje em comunicado que está prevista a abertura de uma unidade de saúde familiar que vai melhorar a acessibilidade aos serviços por parte da população de Sardoura e de Oliveira do Arda, mas sobre este anúncio, o Presidente da Câmara referiu que, “ podem dizer-nos que vão colocar mais médicos, mas não há garantias de nada.
Sabemos também que há médicos se preparam para sair do Centro de Saúde. O que pode acontecer é que ainda vamos ter piores condições do que as que temos neste momento", mostrando-se indignado com o que se está a passar, até porque a ARS Norte " há muito tempo que anda a dizer que vai colocar médicos em Castelo de Paiva, mas os serviços de saúde pioram no concelho a cada dia que passa “.
"É por isso que estamos aqui ao lado da população a dar a cara e a bater-nos para que tenhamos melhores condições de saúde", assinalou Gonçalo Rocha que integrou o grupo de autarcas que foi recebido pelos responsáveis da ARS Norte, abandonando pouco tempo depois a reunião, recusando-se a participar nos trabalhos, pelo facto de marcar presença Sandra Rita, actual directora do ACES do Tamega e Sousa, cuja demissão é reclamada pelos autarcas, devido ao triste episódio com a GNR.
No contacto com a administração da ARS Norte, os autarcas de Castelo de Paiva apenas ficaram a saber que o fecho da Extensão de Saude de Sardoura é irreversível e que, se correr bem, lá para o final de Março, podem ser colocados dois novos médicos no Centro de Saúde local, procurando reforçar os serviços de atendimento, tendo em conta os utentes transferidos desta unidade agora encerrada definitivamente.
Os paivenses que se manifestaram no Porto, na maioria utentes desta extensão de saúde, evidenciaram no protesto de hoje, que o encerramento da unidade saúde localizada em Sardoura, obrigará os utentes as deslocações constantes ao Centro de Saúde, não havendo sequer transportes públicos directos e sublinhando mesmo que, muitos doentes chegam ao Centro de Saúde de Castelo de Paiva e não conseguem ser atendidos, por insuficiência de médicos.