A Associação Cultural do Couto Mineiro do Pejão promoveu ontem de tarde, na Igreja Paroquial de Pedorido, em Castelo de Paiva, o tradicional Concerto de Encerramento da Banda dos Mineiros do Pejão, alusivo à temporada agora finda de 2015, ao mesmo tempo que aproveitou a ocasião, para prestar um sentida e singela homenagem, por ocasião dos 50 anos da sua morte, a Jean Tyssen, que foi o patrão da empresa carbonífera e “ fundador “ da prestigiada filarmónica paivense.
Este foi um evento cultural de grande importância para a região do Couto Mineiro, tratando se de homenagear uma das figuras mais emblemáticas do tempo da explortação carbonífera e pessoa muito dedicada à Banda de Música dos Mineiros do Pejão, a par do saudoso Padre Francisco Nicolau Moreira a quem se deve, em Pedorido, o gosto pela música e a fundação da Tuna de Pedorido.
Para além de uma celebração eucarística na Capela da Senhora das Amoras, acompanhada pelo Coro da respectiva filarmónica, o programa contemplou uma Romagem ao Cemitério de Oliveira do Arda, e uma Sessão Solene na sede da Junta de Freguesia de Pedorido, com uma dissertação sobre o tema “ O Contributo de Jean Tyssen para o Couto Mineiro “, seguindo –se a inauguração da Sala Jean Tyssen na sede da AC do Couto Mineiro do Pejão, onde marcaram presença familiares do homenageado, alguns deles vindo de propósito da Bélgica para este acto, bem como o presidente da CM de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, Vereadores do Executivo Municipal, autarcas, dirigentes associativos, antigos mineiros e o actor Antonio Capelo, entre outros.
Leandro Martins, presidente da Assembleia da União de Freguesias de Raiva, Pedorido e Paraíso, iniciou o ciclo de intervenções referindo-se às ligações que a sua família teve ao sector das minas e na actividade das Minas do Pejão, enaltecendo o homem bom e solidário que foi Jean Tyssen e aquilo que ele representou para a região, ao mesmo tempo que Joaquim Martins, presidente da Junta de Freguesia, agradeceu a presença de todos nesta homenagem e não hesitou em dizer que, se o Couto Mineiro do Pejão hoje é uma parcela muito importante do território municipal, se deve à grandeza e dimensão humana do homem que foi Jean Tyssen, destacando depois o prestigio da Banda dos Mineiros do Pejão e o contributo que tem dado para a dinâmica cultural do concelho.
Falando sobre “ O Contributo de Jean Tyssen para o Couto Mineiro “, Fernando Soares, presidente da Assembleia Geral da Associação Cultural do Couto Mineiro do Pejão, desenvolveu de forma pormenorizada a história das Minas do Pejão e da demarcação do Couto Mineiro, desde o seu inicio em 1920 até ao seu encerramento em 1994, realçando a grandeza do banqueiro belga e a sua visão social, desde que assumiu a empresa após a falência, numa gestão assente em três princípios : paternalismo, humanismo e cultura.
Destacando muitas valências sociais que foram implementadas nessa época, o dirigente não esqueceu de evidenciar o trabalho notável que foi realizado durante décadas, ao nível da acção cultural e desportiva, tudo orientado para o bem estar da “ Familia Pejão “, traduzindo-se em muitos casos em grande êxitos que ainda hoje perduram, onde a Banda de Musica ainda hoje é assumida como um ícone que continua a engrandecer esta região mineira de outrora.
Recorda-se que o belga Jean Tyssen que, em 1933, após um período menos bom da Empresa Carbonífera do Douro, adquiriu e tomou conta dos destinos da empresa e restitui-lhe prestigio e grandiosidade em todos os aspectos. No período respeitante à sua administração, esta empresa que foi o maior empregador do concelho, sofreu uma enorme evolução ao nível da produção, do desenvolvimento de infra-estruturas, ao nível social e cultural, realçando-se diversas valências que foram fundadas, merecendo natural destaque, a criação em 1947 do CAP - Centro Artístico do Pejão, a quem ofereceu um instrumental completo à então Tuna de Pedorido, mais tarde transformada na futura Banda do Pejão.
Em 1952, por ocasião da inauguração do Centro de Acção Social (Hospital de Oliveira do Arda), ao fazer a sua intervenção, Jean Tyssen produziu a seguinte afirmação: " quando morrer quero vir para junto dos meus mineiros “, sendo esse desejo cumprido, estando sepultado no Cemitério de Oliveira do Arda, onde estão também muitos dos trabalhadores que outrora laboraram nas Minas do Pejão, e que ontem foram também recordados numa sentida homenagem.
O edil paivense Gonçalo Rocha louvou a iniciativa e deu as boas vindas aos familiares do homenageado, salientando que jamais de apagará a imagem de Jean Tyssen nesta região do concelho, evidenciando o homem de grande dimensão social, que protagonizou uma obra notável e interessante, um grande exemplo para todos e que, para a região teve um significado enorme, por tudo o que de bom representou para a comunidade local.
O presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva recordou as Minas do Pejão como uma estrutura muito bem organizada em prol de objectivos comuns, a importância da actividade mineira na economia local, como maior empregador, referindo ainda, que o empresário belga teve o engenho e arte de transformar um povo, dando lhe trabalho e alegria de viver, procurando reunir as melhores condições para que todos se sentissem bem, como uma família.
Considerando que o povo do Couto Mineiro é um povo exigente e de mais valia, Gonçalo Rocha considerou que a região merece o melhor, frisando que o desenvolvimento turístico que se deseja para esta zona do concelho, passa pelo aproveitamento das inúmeras potencialidades das minas e do Rio Douro, aproveitando a paisagem fabulosa que envolve estas duas vertentes, deixando depois, uma mensagem de felicitação à Banda de Musica dos Mineiro do Pejão por mais uma temporada de excelência, continuando a engrandecer o concelho e a levar bem longe o nome de Castelo de Paiva
Durante a tarde, na Igreja Paroquial de Pedorido, teve lugar o habitual Concerto de Encerramento da presente temporada da Banda dos Mineiro do Pejão, sob a direcção artística do Maestro Francisco Moreira, destacando –se a intervenção de Mário Faísca, presidente da Associação Cultural do Couto Mineiro do Pejão, manifestando-se feliz com a época conseguida e com a realização desta jornada de convívio de todos os que lutam pelo prestigio desta filarmónica paivense.