O “ Movimento Cidadãos do Mundo “, com o apoio do Município de Castelo de Paiva e do Centro Sol Nascente, realizaram na tarde do passado Sábado, no espaço do Centro de Interpretação da Cultura Local, no Largo do Conde, a cerimónia de inauguração da exposição denominada "Rabão Carvoeiro - Um Barco Paivense", que estará patente ao público até ao final do corrente mês.
Pretendeu-se, com este evento cultural, divulgar a importância que teve na região duriense o Barco Rabão Carvoeiro e dos seus barqueiros, enquanto símbolos emblemáticos do património mineiro e da própria cultural paivense, assumindo-se esta iniciativa como uma jornada de homenagem e evocação desta memória histórica do concelho de Castelo de Paiva.
Do programa anunciado constou um momento musical, a cargo do quarteto de saxofones da Banda dos Mineiros do Pejão e a intervenção de Luís Moreira, pelo Movimento Cidadãos do Mundo, que agradeceu toda a colaboração recebida para a organização desta iniciativa, referindo que, estas causas culturais devem ser sempre valorizadas, para que a memória não se perca, explicando depois, de forma detalhada, o conteúdo e os objectivos da exposição, destacando a epopeia da Esquadra Negra e a importância que teve na economia mineira, sublinhando que esta exposição procura resgatar das águas turvas esta embarcação tipicamente paivense, e que merece um lugar de honra na história de Castelo de Paiva, pelo que se congratulou com a atribuição da denominação Rabões da Esquadra Negra a uma rua de Pedorido, no Couto Mineiro do Pejão.
Este dirigente do Movimento de Cidadãos do Mundo deixou depois, palavras elogiosas às presenças do antigo barqueiro de Rabões Carvoeiros, digno representante de todos os barqueiros que outrora trabalharam na difícil tarefa do transporte fluvial no Rio Douro, e do escritor Manuel Araújo da Cunha, cuja escrita evidencia uma grande riqueza cultural, desejando que a exposição possa ser visitada possa ajudar a perceber a grandeza desta embarcação e o trabalho duro desta gente, no contexto de que o Rio Douro foi desde sempre utilizado para a comunicação entre os povos da sua bacia, com muitas e variadas dificuldades na sua navegação comercial.
Na sua singela alocução, o ex-barqueiro António Martins Monteiro contou a história desta actividade fluvial e episódios de uma vida dura e sofrida a bordo dos barcos rabões do transporte de carvão das Minas do Pejão, referindo-se às dificuldades e técnicas de navegação, para levar as cargas inteiras até à cidade do Porto, evitando-se os riscos de um rio nem sempre calmo, para as estas embarcações que chegavam a carregar entre 50 a 100 toneladas de antracite.
Depois da leitura por Paula Simões, de um breve excerto do conto "Barqueiros da Esquadra Negra", foi a vez do escritor Manuel Araújo da Cunha, que soma a edição de nove livros ligados à temática da história do Douro, recordar laços de amizade que o ligam a Castelo de Paiva e falar na epopeia da exploração carbonífera do Pejão, bem como da aventura que era o transporte do carvão para a cidade do Porto, nestas possantes embarcações de fabrico artesanal, evidenciando que a industria extractiva chegou a mobilizar nesta região mais de 2000 pessoas.
O escritor louvou a ousadia desta iniciativa, porque disse tratar-se de valorizar as nossas raízes e as referencias de um passado rico que nos deve orgulhar sempre, e porque até agora ninguém nada tinha feito, para recordar um património importantíssimo ligado à terra de Paiva.
Registe-te ainda, a intervenção da vereadora do Pelouro da Cultura Liliana Vieira, para agradecer o entusiasmo que foi colocado na organização desta iniciativa cultural, possibilitando dar a conhecer particularidades da historia da região do Couto Mineiro do Pejão, e enaltecer a grande labuta que foi a exploração carbonífera, num passado bonito que importa revelar e não deixar no esquecimento, e que deve honrar e orgulhar todos os paivenses, em especial aqueles que foram seus intervenientes, e que ainda estão vivos para nos contar coisas tão belas desse tempo que marcou a vivência mineira no concelho.
Por último, o presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, José Rocha, começou por dizer que, a cultura não pode continuar a ser o parente pobre da actividade autárquica, e que juntamente com a história, devem andar de mãos dadas, porque o conhecimento da história revela muito do que somos enquanto povo.
O edil agradeceu a presença de todos, enalteceu a oportunidade e utilidade desta bonita iniciativa, assim como as excelentes intervenção proferidas, fundamentais para ficar a conhecer um pouco mais das nossas memórias e do nosso passado, sendo este um exemplo relevante para que, os mais novos possam compreender o quanto honroso foi o nosso passado.
José Rocha ainda se referiu à importância da promoção turística na valorização do concelho, e ao interesse de criar dinâmicas promocionais ligadas à história das minas, porque na sua opinião, esquecer as nossas memórias e não saber rentabilizar esses atributos e potencialidades de valorização do território seria imperdoável.
A iniciativa terminou com um Porto de Honra, e uma visita guiada à exposição com informações detalhadas ao pormenor por parte do Luís Moreira e do ex-barqueiro António Martins Monteiro, natural de Rio Mau, terra de Penafiel, na margem direita do Douro