A Câmara Municipal de Castelo de Paiva promoveu, na manhã de Sábado, a celebração evocativa da celebração dos 185 anos da atribuição do nome “ Castello de Paiva “ ao concelho, contando o programa com uma palestra informativa sobre o acto histórico, proferida pelo Prof. António Lima, intitulada Paiva: do rio à terra, e da terra ao concelho.
A iniciativa municipal, que teve o apoio da Academia de Musica de Castelo de Paiva, ADEP, Movimento Cidadãos do Mundo e de José Adelino Nunes, começou com o hastear da bandeira municipal no edifício dos Paços do Concelho, seguindo-se várias intervenções alusivas à efeméride e uma palestra no espaço do Centro de Interpretação da Cultura Local.
O presidente da Câmara Municipal, José Rocha, mostrou-se honrado por estar a presidir a esta cerimónia e agradeceu o envolvimento da Vereadora da Cultura, Liliana Vieira, bem como das entidades parceiras neste acto, destacando este dia, “ como data marcante da nossa historia e da nossa identidade enquanto território, efeméride que deve ser lembrada e celebrada, porque importa sentir a nossa terra e o orgulho que temos em ser paivenses “.
O edil paivense enalteceu a colaboração do Prof. António Lima, por ter vindo a Castelo de Paiva partilhar um pouco da sua vasta experiência nesta abordagem histórica sobre o concelho e as suas raízes, referindo que, “ esta terra tem imensas potencialidades e condições únicas para evidenciar atractividade, para se tornar um marco na região, e nós estamos empenhados em dar maior visibilidade ao nosso território, e fazer com que, tenhamos orgulho deste concelho que, antes de 6 de Novembro de 1836, se chamava Paiva, passando a partir dessa data a denominar-se concelho de Castello de Paiva “.
José Adelino Nunes falou na importância da data em causa, e pediu um minuto de silêncio por duas figuras incontornáveis da historia de Castelo de Paiva, Jean Tyssen e Afonso da Gráfica, que não sendo originários do concelho, foram grandes paivenses que se notabilizaram pelas causas que lutaram em prol desta terra, referindo-se depois, à documentação histórica da Casa da Boavista e ao testamento deixado pelo Conde de Castelo de Paiva e do interesse público em se concretizar a Casa Museu, conforme vontade expressa do testador.
Olinda Noronha, que estudou História e Património, abordou esta temática no contexto da sua teses de mestrado, referindo-se a documentação existente na Câmara Municipal, não sem antes deixar a sua opinião relativamente à necessidade de se dar uma nova vida à Casa da Boavista e ao legado deixado pelo 3º Conde de Castelo de Paiva, José Martinho de Arrochela Pinto de Lancastre Ferrão.
Na sua dissertação, António Lima sublinhou que a mudança do nome da denominação do concelho resultou de uma criação do liberalismo, mas lembrou outra data importante para a terra de Paiva, registada a 4 de Abril de 1421, um período de grande transformação na região, ao tempo do domínio de Leão e Castela referindo-se à influência islâmica e ao tempo da reconquista, com as decisões assumidas pelo Rei Fernando I, o Magno, criador da terra de Paiva, e da divisão das Terras e criação de Julgados, lembrando depois que as “ Villas “ eram unidades de exploração agrícola do tamanho de freguesias, que pertenciam às famílias nobres, como era o caso da Villa de Sobrado.
Recordando que, muitos castelos não sobreviveram em Portugal porque deixaram de ser úteis, o historiador e arqueólogo faz questão de sublinhar que foi isso mesmo que aconteceu à estrutura defensiva que existiu em Castelo de Paiva, também porque as cheias fortíssimas que foram ocorrendo no Rio Douro destruíram o que restava dele, daí confirmar que não há edifício desde 1180 mas o castelo existiu mesmo naquele território que é hoje a Ilha dos Amores, ou Outeiro do Castelo como era denominado á época, e conforme consta da escritura de compra e venda de Agosto de 1991, quando a edilidade paivense a adquiriu à família Souza Lobo, da Casa da Cardia, de Fornos.
O palestrante detalhou que a Ilha dos Amores / Castelo era propriedade régia, tendo ali sido construída há 600 anos uma ermida dedicada a S. Pedro, referindo-se ainda á dinâmica económica que esta zona ribeirinha teve, e à importância das três campanhas de escavações arqueológicas que decorreram na ilha entre 1997 e 1999, que permitiram que a história retomasse o seu merecido lugar.