O presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, evidenciou hoje em Conferencia de Imprensa, realizada nos Paços do Concelho, a sua indignação e revolta, a respeito da adjudicação, esta semana concretizada em Penafiel, que marcou o arranque do primeiro troço do IC 35, lamentando que uma obra, assumida pelo Governo há 14 anos, aquando da tragédia da Ponte de Entre os Rios, seja apresentada e concretizada aos soluços, não se vislumbrando sequer, pelas palavras do Secretário de Estado dos Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, e do presidente do CA das Infra-estruturas de Portugal S.A, António Ramalho, que o troço principal, entre Rans e Entre-os Rios, na distancia de 11 km, seja feito nos próximos tempos, referindo que as “ medidas de acalmia “ previstas para parte da EN 106 e previstas no estudo da “ Estratégia de Actuação na Rede Rodoviária Nacional – Corredor do IC 35 “, com execução agendada apenas para depois de 2019, são apenas, uma forma ardilosa de adiar a empreitada por tempo indeterminado, realçando ainda o facto, de nenhum compromisso ter sido assumido, para que a totalidade deste troço do IC 35 seja finalmente realizado, e anunciando para 23 de Agosto, como forma de protesto, a realização de uma Marcha Lenta, desde Canedo / Feira, em direcção a Penafiel, sublinhando também que, esta posição de Castelo de Paiva, “ nada tem a ver com questões partidárias”, recordando até, que em 2010, também criticou o Governo, então do Partido Socialista.
O autarca paivense entendeu convocar os jornalistas para expressar a sua revolta face a este assunto e, tendo em conta as declarações proferidas em Penafiel, que contrariam tudo aquilo que, ainda recentemente foi assumido, no âmbito da Assembleia da República, através da Resolução Nº 34/2015, aprovada em 27 de Março deste ano, apelar ao Primeiro-Ministro para que assuma o dossiê do IC35 e ponha cobro ao estrangulamento rodoviário do concelho, porque no seu entender, “ está na altura do chefe do Governo tomar o curso definitivo deste problema, que afecta Castelo de Paiva e a região “.
O edil de Castelo de Paiva mostra-se indignado com a decisão tomada e a prioridade assumida pela tutela, uma vez que a zona mais critica do corredor do IC 35, a sul do concelho de Penafiel, a partir de Entre os Rios foi literalmente esquecida, ignorando-se que esta acessibilidade é crucial para a população de Castelo de Paiva e concelhos vizinhos e fundamental para a dinamização económica que se deseja para esta região do Tâmega e Sousa, evidenciando que esta apresentação agora realizada, apenas serviu para escamotear aquilo que foi prometido às populações após a tragédia de Entre os Rios.
Gonçalo Rocha disse acreditar que só Passos Coelho tem condições de alterar a estratégia anunciada na terça-feira, em Penafiel, pelo Secretário de Estados dos Transportes, que prometeu para as próximas semanas, o concurso do primeiro troço do IC35, numa extensão de três quilómetros, sendo que, o troço anunciado, entre Penafiel e Rans, não resolve em nada o problema do “estrangulamento de Castelo de Paiva”, nem perspectiva sequer, a construção do IC35 até Entre-os-Rios, como reclama Castelo de Paiva há cerca de duas décadas.
MARCHA LENTA COMO FORMA DE PROTESTO
Evidenciando que, não aceita a solução que foi anunciada, o autarca de Castelo de Paiva referiu que, “ para nós, este não é um momento histórico e muito menos festivo para a região “, frisando que, com esta decisão, o município de Castelo de Paiva continuará “arredado dos principais eixos rodoviários do país”, não entendendo o investimento anunciado para a zona urbana de Penafiel, que já conta com bons acessos, e não tenha sido contemplada a zona mais a sul da EN 106, em direcção a Entre-os-Rios, que apresenta maior estrangulamento rodoviário, com quase 14.000 veículos por dia, e níveis elevados de sinistralidade, receando que o anúncio, também feito em Penafiel, sobre o investimento de 1,5 milhões de euros na melhoria de alguns entroncamentos da EN 106 possa inviabilizar definitivamente a construção do IC35, neste troço tão reivindicado, prevendo assim, “ que nunca mais vão existir os 40 milhões de euros para concluir esta acessibilidade “.
Para Gonçalo Rocha, o “ bloqueio ” rodoviário de Castelo de Paiva deve-se, em parte, à postura de António Ramalho, presidente da Infraestruturas de Portugal, acusado de ter uma “postura inadmissível” face às pretensões deste município da margem esquerda do Douro e criticado por apenas “olhar para os números” e não ser sensível “às dificuldades de um concelho que foi fustigado por uma das maiores tragédias do país”, a derrocada da ponte de Entre-os-Rios, em Março de 2001.
Recorde-se que o IC 35, contemplado no recente Plano de Investimentos de Valor Acrescentado, sobretudo no troço entre a cidade de Penafiel e Entre-os-Rios, é uma infra-estrutura reclamada há décadas pelos municípios de Penafiel, Castelo de Paiva, Marco de Canaveses e Cinfães, sendo que esta acessibilidade prevê substituir a actual EN106, considerada uma das estradas mais congestionadas do distrito do Porto, com um tráfego superior a 14 mil veículos /dia, para além dos elevados níveis de sinistralidade que apresenta.
Por outro lado, Gonçalo Rocha exige que o Governo avance para a conclusão da Variante à EN 222, num troço de escassos 9 km, que assegurará a ligação desde a Zona Industrial de Lavagueiras, em Pedorido, à A32 e Santa Maria da Feira, lamentando que não haja ainda projecto realizado para terminar aquela acessibilidade, que tem um troço concluído há vários anos e esbarra no limite de fronteira, na zona do Couto Mineiro do Pejão.
Recordando que o Governo não cumpriu, até hoje, com os compromissos assumidos com Castelo de Paiva e aprovados em protocolo, relativamente às Obras Complementares na Variante à EN 222, no troço entre Cruz da Carreira e Zona Industrial de Lavagueiras, já com projectos concluídos ( construção de 3 pontões, alargamento do viaduto em Oliveira do Arda e melhoria ao nível de segurança na Rotunda da Estação / Raiva ), o responsável municipal lamenta que haja dinheiro para intervenções bem menos necessárias e não haja financiamento para efectuar estes pequenos melhoramentos, essenciais para o desenvolvimento do concelho e melhoria da qualidade de vida da população.
“ Continuamos estrangulados, o que muito prejudica o tecido empresarial do concelho, mas há limites para tudo, há alturas em que a paciência se esgota”, exclamou o edil paivense, lamentando que, “ quem vive em Lisboa esteja distante da realidade”, daí evidenciar que, “ Castelo de Paiva não pode ser traído desta forma, porque os compromissos são para se honrar e o IC 35 deve ser uma prioridade, no seu todo, e não em partes “, concluindo que, “ chegou o tempo de levantar a voz e publicamente reclamar justiça “.