A ACUP – Associação de Combatentes do Ultramar Português, sedeada em Castelo de Paiva, comemorou no fim de semana, o seu 14º Aniversário, numa cerimónia festiva que começou de manhã com uma concentração junto à Igreja de Sobrado e um desfile até ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, localizado na zona urbana da vila, onde foi prestada a habitual homenagem aos 27 militares paivenses que morreram na Guerra do Ultramar, terminando o programa com uma Missa na Igreja Paroquial de Sardoura, e um almoço convívio, com animação musical.
Para além do presidente Gonçalo Rocha, e outros autarcas locais, estiveram na cerimónia de Castelo de Paiva, os principais dirigentes da ACUP, o representante do Secretário de Estado da Defesa, Vilar de Jesus, os representantes dos núcleos da Liga dos Combatentes de Penafiel, Vila Meã, Vale de Cambra e Macieira de Cambra, o general Governo Maia, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, os representantes das Associações de Combatentes de Vila do Conde, Tondela, Porto, Fafe e dos Prisioneiros de Guerra, o Tenente Coronel Agostinho Janeiro, representante da AOFA – Associação dos Oficiais das Forças Armadas, o presidente do Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva, Comandante da GNR de Castelo de Paiva, General Rui Rodrigues, Tenente Coronel Rei Soares, 2º Comandante da Escola Prática de Serviços da Póvoa de Varzim, entre outras entidades civis, militares e religiosas.
Na cerimonia, abrilhantada por militares do Regimento de Engenharia de Espinho e da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva, destacaram-se as intervenções do presidente da ACUP, José Moreira, do representante da Cruz Vermelha, do representante do Secretário de Estado da Defesa e Direcção Geral do Ministério da Defesa, e do representante da AOFA, tendo o edil paivense, Gonçalo Rocha, evidenciado a sua satisfação por mais este momento festivo de aniversário da ACUP, recordando depois o empenhamento e a luta travada pelos seus dirigentes para projectar ainda mais a associação a nível nacional, bem como enaltecer o excelente trabalho que tem sido desenvolvido junto dos ex – combatentes, ao nível do apoio nas mais diversas áreas de actuação civica e social.
Para o autarca de Castelo de Paiva, trata-se um justo reconhecimento e de uma pública homenagem aos 27 militares oriundos das freguesias de Castelo de Paiva que, em missão no Ultramar Português, tombaram em defesa da Pátria e que voltam a ser recordados no território paivense, num acto simples e singelo, mas carregado de grande emoção, até porque, destacou ainda Gonçalo Rocha, é importante não esquecer o passado, e continuar a recordar aqueles que deram a vida ao serviço de Portugal, honrando e defendendo os ideais da Pátria em situações de extrema adversidade em cenários de guerra, que deixaram marcas profundas nas familias portuguesas.
O edil dirigiu palavras de felicitações aos dirigentes da ACUP, relevando a actuação meritória que tem sido protagonizada junto dos ex-combatentes e dos seus familiares, ajudando de alguma forma, a ultrapassar de situações de ordem traumática, vencer problemas graves de foro psicológico e minimizar a deficiencia, destacando depois, que desde o ano passado, a associação tem dispobilizado um importante serviço de apoio psicológico aos ex-combatentes e familiares.
Na sua intervenção, saudando os presentes na cerimónia, José Moreira destacou o testemunho de uma guerra que separou famílias, provocou inquietações, dor, sofrimento, originou um número incalculável de deficientes físicos, psicológicos, mentais, ceifou a vida a milhares de jovens portugueses que foram para a guerra sem saberem a razão e que o destino não quis que regressassem vivos às suas famílias.
Para este dirigente dos combatentes de Castelo de Paiva, “ este é mais um momento em que se impõe reconhecer os soldados portugueses que passaram pelo Ultramar, defenderam os ideais da Pátria e fizeram da distância e da saudade, uma arma de luta pela defesa do território, quantas vezes sem recursos, sem meios, votados à sua própria vontade, ao destino, tantas vezes assustador, cheio de incertezas, cruel “, evidenciando depois que, “ ao percorrer com o olhar em volta deste monumento as lápides com os 27 nomes dos jovens soldados de Castelo de Paiva, mortos na campanha dessa triste guerra, não podemos, deixar de recordar os tempos de medo, angústia, dor e incerteza, pois a morte espreitava em qualquer esquina, em qualquer momento e milhares deles tombaram para sempre no palco dessa guerra que enlutou para sempre tantas famílias. Lembramos também aqueles que a sorte não foi amiga e a quem a guerra deixou marcas físicas e psicológicas “
José Moreira sublinhou ainda, que a guerra colonial também aproximou os soldados que se uniam e formavam verdadeiras famílias que os ajudavam a sossegar e a conter as saudades das suas gentes, das suas terras. E ainda hoje, um pouco por todo o país, se reúnem em sãos convívios de antigos soldados que servem não só para reforçar os laços de amizade como recordar os momentos da sua vida militar, recordando também, o interesse e o imperativo de homenagear todas as famílias portuguesas que a guerra enlutou e ainda hoje choram a perda dos seus filhos, lutam para proporcionarem uma vida digna aqueles que a doença ou a deficiência física impossibilitou de ter uma vida normal, lembrando todos os que ainda sofrem do pesadelo que a guerra trouxe, a certeza de que estamos com todos e que podem contar com a ACUP e o trabalho empenhado dos seus dirigentes para ajudar a diminuir a dor e a tristeza sentidas.
Recorde-se que, a ACUP - Associação dos Combatentes do Ultramar Português, foi fundada em 7 de Junho de 2002, com o objectivo de dignificar os interesses dos ex-combatentes do ultramar português, tendo a associação desenvolvido junto das autoridades nacionais, um grande esforço para que os ex-combatentes nunca possam cair no esquecimento, evidenciando-se a importância social dos diversos protocolos assinados junto com o Governo e outras entidades públicas e tem vindo, desde a sua fundação, e em parceria com o Ministério da Defesa, a desenvolver todos os esforços para apoiar todos os ex-combatentes do ultramar português que solicitam ajuda, criar parcerias com Instituições e Associações, no sentido de sinalizar e encaminhar para os locais apropriados de ex-combatentes em situação de "Sem-Abrigo", marginalizados pela sociedade, rastrear e encaminhar ex-militares com problemas e distúrbios de foro psicológico e psiquiátrico, tendo em conta que, a associação tem como objectivo principal, contribuir para colmatar e minimizar situações difíceis e complicadas relacionadas com ex-soldados portugueses e as suas próprias famílias, contribuir para minimizar as dificuldades, aproximar os ex-combatentes, lutar pela dignificação do papel dos soldados em defesa do seu país, bem como dar voz àqueles que teimosamente querem fazer esquecer.
O programa destas comemorações, para além da homenagem prestada aos combatentes paivenses falecidos na Guerra do Ultramar, junto ao Monumento localizado na vila, que agora completou 16 anos, e que contou com Guarda de Honra dos militares do Regimento de Engenharia de Espinho, contemplou ainda uma missa na Igreja Paroquial de Sardoura, em sufrágio por todos os combatentes paivenses que tombaram em cenário de guerra, terminando com um almoço de confraternização no Hotel S. Pedro.